Por Íria Lícia Oliva Doniak – presidente executiva da Abcic
A industrialização tem sido pauta de importantes reuniões e eventos das principais entidades da área da construção. Neste ano, pude acompanhar a crescente manifestação de empresários e representantes setoriais e de órgãos do governo em prol de um uso maior dos sistemas construtivos industrializados, para atender requisitos de previsibilidade de custos, de cronograma de entrega dos projetos, de qualidade, segurança e desempenho, para cumprir com regras rígidas de sustentabilidade e para alcançar produtividade, eficiência e neutralidade de carbono.
Esta unanimidade em torno dos benefícios da industrialização na área da construção civil é um fator que impulsiona a continuidade das ações para elevar a participação dos sistemas construtivos industrializados em nível nacional. O início desse movimento se deu em 2009, com a formação do grupo de trabalho, liderado pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), sob o âmbito do PIT (Programa de Inovação Tecnológica) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que resultou na publicação do diagnóstico tributário pela FGV, no Manual da Construção Industrializada pela ABDI em 2015 e, mais recentemente, na liderança da meta 9 do programa Construa Brasil, abrigado no MDIC, com três eixos fundamentais para o avanço da construção civil no país: desburocratização, digitalização e industrialização.
Para 2024, nossa expectativa é que a industrialização alce novos voos, ganhando ainda mais espaço, principalmente se a Reforma Tributária, uma vez aprovada e ainda que com o período de transição, de fato promover a isonomia tributária em relação aos sistemas construídos em canteiro. Apesar deste grande desafio que nos tira a competividade em alguns segmentos como no Minha Casa Minha Vida, esta é uma pauta não mais do nosso setor, mas de todos os elos da cadeia da construção, considerando a necessidade de aumentar a produtividade num cenário de escassez de mão de obra, especialmente a qualificada.
Outro ponto fundamental é a mudança na forma de atuar das empresas que constroem os projetos, uma vez que, de acordo com o relatório da McKinsey The Next Normal in Construction – How disruption is reshaping the world’s largest ecosystem, publicado em 2020, a industrialização, a modularização, a automatização da produção na indústria (off-site) e a automatização da montagem no canteiro de obras transformam a abordagem no setor da construção, que passa a ser mais industrial, baseada no produto, ou na área da pré-fabricação de concreto, no sistema construtivo. Assim, o canteiro de obras se transformará em um local de montagem, ampliando a produtividade, a sustentabilidade e a segurança.
Essa transformação é fundamental para a indústria da construção, que apesar de ser uma das atividades mais importantes do mundo, tem sentido os efeitos por ter crescido apenas 1% em produtividade. A industrialização é protagonista para que o setor possa crescer de forma sustentável nos próximos anos.
Nesse sentido, o Modern Construction Show, organizado pela Francal Feiras, que acontecerá entre os dias 1 e 3 de outubro, no Distrito Anhembi (SP), será uma oportunidade de o mercado da construção conhecer todo o potencial dos sistemas construtivos industrializados e sua contribuição para que o segmento alcance a neutralidade de carbono até 2050. O evento, que é idealizado pela Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic), pela Associação Brasileira da Construção Metálica (Abcem) e pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), terá não só uma feira, mas também diversos encontros de conteúdo que trarão ao debate os temas mais relevantes e atuais para a maior aplicação dos sistemas construtivos industrializados em diversas tipologias. Será uma oportunidade ímpar para o mercado.