Redução de resíduos, desperdícios e de emissões, além de uso sustentável de recursos, eficiência energética e gestão de excelência é o caminho para as obras
Os efeitos das mudanças climáticas estão cada vez mais intensos e causam tragédias ambientais por todo o mundo. As enchentes no Rio Grande do Sul, por exemplo, são sintomas decorrentes da devastação, da emissão descontrolada de gases na atmosfera, esgotamento dos ecossistemas, e da falta de conservação ambiental. Por isso, os países precisam seguir protocolos de conduta e adotar políticas de estado para reduzir ações nocivas ao meio ambiente e tentar minimizar as consequências.
As práticas de ESG (Enviromental, Social and Corporate Governance) são uma forma que muitos setores e organizações encontraram para lidar com o problema, por meio de políticas que funcionam como uma nova ordem mundial para as empresas priorizarem ações em favor do meio ambiente, sustentabilidade, responsabilidade social e transparência.
Só a indústria de cimento, para se ter ideia, responde por cerca de 7% das emissões globais de CO2, segundo informou o gerente de sustentabilidade e energia da Votorantim Cimentos, Fábio Cirillo, durante uma apresentação passada feita para um evento de construção. Na ocasião, ele declarou o compromisso público de atingir emissão zero até 2050, embora tenha reconhecido que o desafio é grande.
Nesse sentido, uma das formas de o mercado se alinhar às necessidades ambientais é implantar sistemas de construção industrializada nas obras. As fachadas em light steel frame, por exemplo, possibilitam a construção da face exterior da edificação juntamente com a vedação interna, gerando economia e maior agilidade para o projeto. Por sua vez, a utilização de módulos pré-fabricados permite a realização de obras em prazos menores, com redução do desperdício de materiais e da emissão de poluentes.
O light steel frame é menos intensivo em termos de emissão de carbono, com consumo de energia bem menor durante a fase de fabricação, em comparação à construção em alvenaria. Dessa maneira, o empreendimento é feito com saldo positivo do ponto de vista energético e também durante sua vida útil, por apresentar melhor desempenho térmico que gera economia de energia.
Interseção entre ESG e construção industrializada
Embora os diferentes sistemas e tecnologias de construção industrializada tenham um peso favorável em relação ao meio ambiente, a relação com o ESG pode ser complexa e variável, a depender de como será realizada gestão das obras. Em relação à eficiência energética e redução de resíduos, para haver redução na pegada ambiental a fabricação de componentes a serem utilizados nas obras deve acontecer em ambientes controlados.
O uso sustentável de recursos também requer controle, já que muitas técnicas da industrialização priorizam materiais como madeira certificada e reciclados. Na interface social, a construção industrializada também faz conexão com o ESG, ao proporcionar condições mais seguras e estáveis para os trabalhadores. Ao acelerar o tempo de construção, ela pode reduzir inclusive os transtornos para as comunidades locais afetadas pelos projetos de construção.
Outro aspecto é que a construção industrializada oferece uma maior padronização e controle de qualidade durante o processo de fabricação dos componentes, ação que pode contribuir para uma melhor governança no setor e deixá-lo mais próximo da conformidade com regulamentações de segurança e ambientais, promovendo práticas de construção mais responsáveis.
Porém é importante observar que a simples adoção da construção industrializada não garante necessariamente a conformidade com os princípios do ESG. O sucesso na integração entre as duas coisas depende da implementação eficaz de práticas sustentáveis, sociais e de governança em todo o ciclo de vida do projeto de construção. Essa interseção pode variar dependendo de vários fatores, como o contexto do projeto, práticas da indústria e as regulamentações locais