Construção industrializada estimula a sustentabilidade

Além de reduzir a geração de resíduos, modelo construtivo traz outros ganhos que tornam a obra ambientalmente mais responsável

Segundo dados da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon), anualmente são gerados no país cerca de 84 milhões de metros cúbicos de resíduos de construção e demolição. Esse problema está entre aqueles que demandam maior atenção das empresas do setor, afinal, além da relação direta com o meio ambiente, também impacta de maneira importante no orçamento das obras — com custos provenientes da locação de caçambas e destinação dos materiais.

Para lidar com tal situação, existem algumas alternativas, mas aquela de maior destaque é a adoção de sistemas construtivos industrializados. Tais soluções possibilitam que os projetos sejam sempre executados com maior precisão, otimização e controle no uso de insumos. Assim, evitam-se desperdícios normalmente observados quando são utilizados os métodos construtivos tradicionais, por exemplo, provenientes de blocos cerâmicos quebrados após uma queda durante o transporte ou as sobras de uma telha cortada para que a peça fique adequadamente fixada no desenho da cobertura do empreendimento.

Por meio da construção industrializada, o canteiro funciona como uma espécie de linha de montagem — se beneficiando da racionalização construtiva e mínimo desperdício. E mais: a obra ganha ao alcançar um elevado grau de organização, limpeza e segurança, o que reduz falhas e favorece a produtividade (permitindo o cumprimento de prazos). Outra vantagem é na área logística, uma vez que a quantidade de materiais necessários para os trabalhos é bem menor se comparada à demandada pelos sistemas mais convencionais.

“Quando você opta pela industrialização, todos os processos são controlados, os resíduos eliminados e a montagem ganha em rapidez. Na minha visão, esse é o caminho para uma construção civil muito mais responsável socialmente e sustentável, com menores índices de emissão dos poluentes que provocam o efeito estufa”, reforça o engenheiro civil Jose Abreu , gerente de Produtos, Inovação e Assessoria Técnica da CSN Cimentos.

Vale lembrar que, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), as fases de projeto e de execução de um edifício respondem por 38% das emissões de gases do efeito estufa — considerando todo o ciclo de vida da edificação. Com a adoção das opções de construção industrializada, há maior controle nas fábricas — o que permite a redução desse percentual por meio da concepção de projetos assertivos e que integrem de maneira mais correta as disciplinas da obra (reduzindo a necessidade de retrabalhos).

Na prática

Localizado no município de Coari, no Amazonas, o complexo hoteleiro Vitória-Régia foi construído com objetivo de oferecer para os trabalhadores de um campo de extração de petróleo e gás natural um espaço confortável. São dois alojamentos com cerca de 1,4 mil m² cada, além do prédio central com 2 mil m² e um edifício de recepção com um auditório de 610 m². O projeto contou com diversos sistemas industrializados, como estrutura em steel frame e fechamento externo realizado com uso de placas cimentícias.

As soluções permitiram que a primeira etapa do complexo ficasse pronta em apenas seis meses. Além disso, de acordo com os engenheiros da Sequência, responsável pela obra, foi possível reduzir drasticamente a quantidade de entulho gerada. Dos 53 contêineres de material de construção transportados até o canteiro, apenas meio retornou à cidade na forma de resíduos. A construção industrializada também diminuiu a quantidade necessária de mão de obra em torno de 40% (se comparado a uma obra convencional).

Outros ganhos

A menor geração de resíduos não é o único benefício ambiental proporcionado pelas alternativas de construção industrializada. Algumas soluções, como o drywall, o steel frame, o wood frame, os painéis pré-fabricados de concreto e as estruturas metálicas são capazes de eliminar a necessidade do uso de água durante a execução dos projetos. “Vejo que a industrialização caminha sempre de mãos dadas com a sustentabilidade, com o objetivo de assegurar a máxima longevidade do nosso planeta”, ressalta Abreu.

O uso dessa tecnologia soma, ainda, positivamente no nível de certificação de impacto ambiental das edificações. Por conta desses vários benefícios, é um modelo construtivo que pode ser empregado nos projetos que almejam a conquista de selos como o LEED.

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