Agilidade construtiva, segurança e menor geração de resíduos são fatores decisivos para o estado ampliar a industrialização em obras da CDHU
O processo de industrialização da construção se tornou um importante fator para quem quer garantir agilidade nas obras, sem abrir mão de segurança e qualidade. No início do ano, o governo de São Paulo anunciou que utilizará esse procedimento nas obras da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), na ocasião em que foi lançado um edital de chamamento para empresas de construção modular para participar das políticas públicas do estado.
Dessa maneira, as construtoras poderão participar de modalidades como Habitação multifamiliar vertical (prédios), com uso misto, espaços para equipamento público, comércio e serviços no térreo; Casas térreas ou sobrados; Módulos habitacionais evolutivos a serem usados em urbanização de favelas ou vilas de passagem; Edifícios de até três pavimentos com mil metros quadrados de área útil, para uso institucional do Estado ou de municípios, com possibilidade de serem instaladas escolas, creches, unidades de saúde e postos policiais.
De acordo com o governo, até 2027 a meta é construir 7.500 prédios verticais, 7.500 casas e 100 mil metros quadrados de prédios para uso público. Entre as vantagens para o uso de métodos construtivos modulares industriais, conhecidos como pré-fabricados, as que mais chamam a atenção do governo são a baixa emissão de poluentes, redução de desperdícios, pouca geração de resíduos sólidos, além da rapidez no prazo de construção.
Construção em tempo recorde
O uso da construção industrializada passou a ser implementado nas obras de habitação do estado por uma forte razão: no mês de fevereiro, foram entregues 518 moradias a famílias do bairro Baleia Verde, em São Sebastião, que ficaram prontas com apenas dez meses de realização das obras. Os apartamentos foram destinados a famílias afetadas por deslizamentos de terras na região do Litoral Norte, principalmente na Vila Sahy, em decorrência dos temporais registrados no verão de 2023.
Construídos com a tecnologia “wood frame”, sistema onde os módulos saem prontos da fábrica para serem montados no local de instalação, os apartamentos foram construídos
em tempo recorde, em comparação a casos de desastres similares no país. Tudo isso, graças ao uso dessa técnica inovadora de construção industrializada, que é largamente utilizada no exterior, principalmente em países e regiões de condições meteorológicas difíceis.
O conjunto possui 30 prédios de quatro pavimentos e 38 casas térreas, sendo 18 adaptadas para pessoas com deficiência. Os imóveis contam com dois dormitórios, sala, cozinha e banheiro, distribuídos em 41 metros quadrados de área útil. Nos espaços comuns, os moradores dispõem de parque infantil, aparelhos de ginástica, quadra poliesportiva, área verde, espaço pet, estacionamento, locais de convivência e centros de apoio ao condomínio.
De acordo com o governo paulista, o sistema pré-fabricado atende a certificações de isolamento térmico e acústico adequados, além de normas técnicas de desempenho em parâmetros equivalentes às tradicionais residências de alvenaria.
Arranha-céu em Balneário Camboriú
Na cidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, a construção do edifício Skyline Tower, com 37 andares e 130 metros de altura, foi entregue no final do ano passado com 18 meses de antecipação. O segredo para isso foi o uso de métodos industrializados, o empreendimento não teve reboco manual nas paredes internas e externas, procedimento substituído pelo sistema “drywall”, uma estrutura de gesso e papel acartonado utilizada em todas as divisões dos apartamentos.
Além de eliminar etapas construtivas utilizadas em métodos convencionais de construção, esse sistema garante agilidade na produção e reduziu em 40% o tempo de execução do empreendimento, além de ser sustentável.
Entre as tecnologias implementadas, está a piscina instalada em sistema modular entregue pronto de fábrica, com garantia de estanqueidade e minimizando a necessidade de manutenção. Por ser modular, há possibilidade de ser instalada automação completa para controle de filtragem, iluminação e temperatura pelo celular.
A fachada da torre foi totalmente revestida por um sistema não aderido, que leva o nome de fachada ventilada, assegurando isolamento térmico da edificação. Esse efeito é tecnicamente conhecido como chaminé e possibilita a eliminação de vapor de água e de manifestações patológicas originadas por problemas como umidade. Por se tratar de um revestimento não aderido, reduz em larga escala as infiltrações geradas por fissuras de movimentação da estrutura.
Ao todo, a industrialização possibilitou a redução de 35% no número de trabalhadores no canteiro de obras, decréscimo de 18 meses no tempo de construção e, por fim, eliminação de 20% em geração de resíduos.