Formadas por concreto e aço, elas possibilitam racionalização de materiais, maior agilidade executiva e reduzem a geração de resíduos. Assunto será abordado pela ABCEM no 1ª Modern Construction Show, em outubro
Segundo a ABNT NBR 8800, as estruturas mistas são aquelas constituídas por componentes de aço e concreto (armado ou não) trabalhando em conjunto, ou seja, sem que exista um deslocamento relativo entre ambos. Assunto bastante técnico e relevante na construção civil, o uso e as vantagens das estruturas mistas serão tema de palestra da Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM) durante o 1ª Modern Construction Show, que acontece de 01 e 03 de outubro.
O evento será realizado no Distrito Anhembi, em São Paulo, e reunirá os principais players que impulsionam o setor da construção industrializada no Brasil e no mundo. Além de palestras repletas de conteúdo, a feira contará com área de exposições e espaços que devem incentivar o networking. O credenciamento para o Modern Construction Show já está disponível aqui no site do evento.
Com base na definição da ABNT, é preciso estabelecer que cobertas de aço apoiadas sobre pilares em concreto armado não são consideradas estruturas híbridas porque não há o funcionamento conjunto, por exemplo. Diferentemente dos pilares circulares em aço com preenchimento em concreto, que possuem as características das estruturas mistas.
Sistemas de estruturas mistas são objeto de diferentes estudos pela comunidade científica, como ocorre no meio técnico europeu, americano e japonês. Trabalhos desenvolvidos nesses locais têm aprimorado o entendimento da relação entre os dois materiais. Tais pesquisas são responsáveis por desenvolver combinações inovadoras entre o concreto e o aço, resultando no crescimento do uso associado das soluções. Vale destacar, ainda, que a sinergia é consideravelmente maior quando empregados elementos pré-fabricados.
A ABCEM lista em seu site as vantagens que as estruturas híbridas trazem aos projetos. Além de ganhos em termos construtivos, funcionais e estéticos, constam nessa relação e redução de carga, menor necessidade de mão de obra, agilidade de execução, racionalização de materiais, diminuição no volume de resíduos gerado e aumento da precisão dimensional. E mais: como os materiais têm coeficiente de dilatação térmica similar, não há deformações diferenciais significativas.
A série de benefícios justifica a necessidade de engenheiros e arquitetos estarem sempre atentos às melhores soluções técnicas em prol de construções modernas e sustentáveis. Ou seja, esses profissionais devem estudar atenciosamente cada situação e especificar as soluções capazes de garantir o máximo de desempenho, como as estruturas híbridas são capazes de fazer quando planejadas de maneira a atenderem às demandas da obra.
Na prática
Exemplo de uso das estruturas mistas aconteceu em um restaurante de 2,3 mil m2, localizado em Natal (RN). Constituído por quatro blocos, o empreendimento tem espaços envoltos em uma malha escultórica em alumínio cuja intenção é lembrar uma rede de pesca, pois o local é especializado em frutos do mar. A especificação de soluções híbridas no projeto está relacionada à volumetria arquitetônica, produtividade e grandes desafios estruturais.
O planejamento da obra permitiu execução bastante eficiente, com três equipes distintas (especializadas em alumínio, aço e concreto armado) conseguindo trabalhar de maneira simultânea. Com isso, a construção pôde alcançar todos os objetivos que haviam sido propostos inicialmente, sem deixar de lado as expectativas de custo dos contratantes.
Outro caso de aplicação interessante é o da edificação residencial localizada à beira-mar na cidade de Cabedelo (PB). Com estrutura composta por pilares e vigas em concreto armado, além de lajes pré-moldadas no primeiro e segundo pisos, a construção também tem lajes maciças no piso da coberta, reservatório superior e piscina. Tirantes de aço em perfis galvanizados a quente são empregados para o apoio das vigas em balanço inferiores do primeiro piso.
Pelas definições arquitetônicas, as vigas em balanço do primeiro piso têm cerca de 4 m e deveriam possuir altura de 80 cm, pelo menos. Então, esses elementos foram atirantados a três estruturas com 1,2 m de altura localizadas no segundo piso. Este é um caso de estrutura híbrida com elemento em concreto apoiado em peças de aço em que todos os resultados obtidos foram satisfatórios tanto no campo econômico quanto no estético.
Em ambos os exemplos, as soluções em estruturas mistas se mostraram capazes de vencer grandes desafios estruturais com ganhos financeiros e atendendo aos prazos estabelecidos por cada obra.